O professor universitário Domingos da Cruz disse hoje à Lusa que os observadores internacionais foram “precipitados” em decretar uma mudança política em Angola, salientando que o objetivo do Presidente é manter o poder através de uma nova narrativa.
“Terá havido uma precipitação, ao nível externo, em tirarem conclusões relativamente a Angola; foram demasiado precipitadas, rápidas, e baseadas naquilo que se chama impressão”, disse o académico e ativista Domingos da Cruz, em entrevista à Lusa, em Lisboa.
“Devemos ser mais cautelosos e criteriosos e dois anos depois da chegada ao poder de João Lourenço não é suficiente para fazer afirmações, sobretudo as que vejo a partir de fora”, acrescentou.
Assim, Para Domingos da Cruz, autor da tradução do livro ‘From dictatorship to Democracy: A Conceptual Framework for Liberation’; escrita por Gene Sharp, pela qual foi condenado a uma pena de prisão; “há uma mudança radical” na maneira como os angolanos olham agora para o sucessor de José Eduardo dos Santos.
“Internamente as perceções estão a mudar consideravelmente, de 8 para 80, os que acreditavam que há uma mudança radical hoje expressam um ponto de vista completamente diferente”, afirmou, apontando o exemplo do diretor da Open Society Fundation em Angola.
“João Lourenço recebeu um conjunto de ativistas, onde participou Elias Isaac; e após o encontro Elias Isaac terá saído bastante esperançoso e disse que estamos numa nova era, mas agora ele diz-se completamente dececionado; que não acredita e chama a sociedade civil para montar uma nova estratégia e diz que é preciso adaptarmo-nos ao novo homem que; na verdade, não está a agir à semelhança do que parecia”, salientou o investigador angolano.